sábado, 22 de outubro de 2011

Se Expande e se Espraia


É fato que a cada ano que se passa, achar um amigo verdadeiro torna-se algo mais raro.

Não. Não falo de amigos de boteco, balada ou colegas de trabalho. Também não estou falando de pessoas com quem simplesmente se troque confidências, ou de que se goste.

Encontrar colegas agradáveis é uma tarefa razoavelmente fácil, mas como diria o sábio, quem encontrou um amigo, encontrou um verdadeiro tesouro.


Quem encontrou um amigo encontrou um tesouro

Esse Amigo com "A" maiúsculo de quem falo vai muito além dos relacionamentos de amizade de um cotidiano normal. Vai tão além, que uma vez que se têm conhecimento dele, torna-se difícil, até mesmo impossível caracterizar outra coisa como amizade.

Essa Amizade de que falo é uma amor (isso mesmo amor) muito grande. Uma sensação de conexão extraordinária.

É colocar o bem-estar e a felicidade do outro acima da sua própria, mas, ao mesmo tempo, ter consciência de que um só pode estar bem e feliz se o outro também estiver.

É algo capaz de curar todas as feridas interiores com um simples, mas lindo sorriso.

É um amor de pai, mãe, filho, vó, irmão, namorada, esposa, amigo, tudo junto, mas ao mesmo tempo, completamente diferente de qualquer um desses.

Tenho orgulho de poder dizer que tenho um amigo.

E é motivo de orgulho mesmo! Não se iluda, a maioria das pessoas passa a vida inteira sem saber o que é isso. Pior, normalmente passam a vida toda sem saber que algo assim tão puro e desinteressado possa sequer existir.

Uma das coisas mais impressionantes disso, é que uma Amizade assim é algo que não se pode conter,

Por mais que tentemos nos controlar, essa energia escapa por entre os poros e atinge todos ao redor.

Um amigo já ama a todos que o outro também ama antes mesmo de conhecê-los, e odeia com todas as forças todos que o outro tem desafeto, por menor que seja, sem precisar de razões ou motivações, mas simplesmente porque um dia, fez o Amigo infeliz.

Isso fica evidente ao observar o sentimento que se tem um pela família do outro. Mesmo com pouco contato já se sentem íntimos e abertos a amar com todas as forças.

Uma Amizade não é perfeita. Tem suas desavenças, brigas e divergências. No entanto a vida sem o outro torna-se vazia e sem sentido, e o passado antes da amizade, mais do que um passado, parece ser uma outra vida completamente diferente.

Na verdade, em um relacionamento como este, é muito difícil encontrar algo que se possa racionalizar (acredite, eu já me frustrei muito tentando) e  honestamente: ter uma razão tornou-se completamente irrelevante.

Tudo que posso fazer é aproveitar o que me foi dado e agradecer a sorte que é ter um Amigo.



http://www.youtube.com/watch?v=_boxn4Ilbi4

Essa aqui é uma música para ilustrar mais ou menos o que é essa Amizade.


Vê como a gente se espelha e se espalha
Um transparece no outro
O que pensa e o que fala
Quando o momento é maior
Poliniza tudo ao redor
E faz o amanhã nascer melhor

Vê como a gente se estende e se espalha
Teu corpo se veste do meu
Que não tomba na raia
Quem for parar pra me ver
Lá no fundo verá você
A brilhar em mim

sábado, 10 de setembro de 2011

Recorrência: O jogo dos Reis

O título pode ser dividido em dois tópicos distintos separados pelo sinal de pontuação ":".

No nosso caso, "O jogo dos Reis" não explica "recorrência", mas exemplifica um caso de recorrência, que vou contar com mais um conto do meu cotidiano conturbado.


Quando era pequeno, tive a oportunidade de estudar xadrez. Começou como uma aula extra na minha escola primária, onde obtive destaque e me tornei seu jogador mais brilhante. Era um bom jogador. Conquistei alguns campeonatos pequenos e cheguei a disputar por 3 vezes o estadual da minha categoria.

Nessa minha época ascendente, cheguei a me federar e disputar cmpeonatos defendendo a bandeira de um clube, mas com a adolescência, o estudo do xadrez, que costumava ocupar as minhas tardes de sábado, deu lugar a outras atividades sociais, ou a falta delas.

Parei. Cansei. Dava muito trabalho.

Enfim... o que isso tem haver com recorrência? calma, já chegaremos lá. Antes, deixe-me contar mais um pedaço de um conto de meu cotidiano conturbado.

Algum tempo depois de cansar das minhas aventuras no xadrez, comecei a namorar uma menina, um pouco mais velha que eu. Capitu.

Tal como a personagem de Machado de Assis, dúvidas e incertezas até hoje ainda ocupam minha mente.

Aí começa a recorrência.

Apesar do "Jogo dos Reis" não ser mais uma constante, ele aparecia recorrentemente. Quando alguém trazia um tabuleiro pra escola, imediatamente me vinha a vontade de desafiar-lo, desafiar professores, e quem quer que achasse que pudesse me vencer. Fiz alguns amigos assim. Incontáveis vezes usei meus intervalos entre as aulas pra disputar partidas rápidas com algum amigo.

Com Capitu, ensinei-a a jogar.

E esse é apenas um dos elos que a ligam ao jogo. Um outro, e muito mais importante é a tal recorrência.

O xadrez sempre foi e voltou. Quando estou entediado, muitas vezes volto às minhas raízes, e jogo uma partida on line, ou contra o computador. Lembro-me dos momentos felizes da minha infência em que simplesmente queria encurralar o Rei adversário.

Capitu sempre foi e voltou. Por vezes, quando estou mais carente, meus pensamentos se voltam para ela. Lembro-me dos momentos felizes de quando amei sem medos ou receios.

Poderia fazer minhas as palavras de Gabriel Garcia Marques, grande escritor colombiano e vencedor do nobel de literatura em 1982:

Gosto de você não por quem você é, mas por quem sou quando estou contigo

Essa frase valeria pros dois, com a capacidade de voltar no tempo que me proporcionam.

No fim não deu certo. Nem um nem outro. Não me tornei o grande enxadrista que um dia sonhara, e sequer me tornei o príncipe encantado que habitava os sonhos de Capitu.

No entanto, ambos os sonhos voltam a habitar minha cabeça recorrentemente. Um pensamento de "e se eu tentasse de novo", "e se eu tivesse feito diferente", "e se eu tivesse me esforçado um pouco mais", e se...


Gabriel Garcia Marques então diria:

Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu

Que eu faça minhas também, essas suas palavras.




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Lugar do Riso Genuíno

"Hoje em dia nos deparamos com indivíduos que se comportam como autômatos, que não conhecem ou compreendem a si mesmos, e a única pessoa que conhecem é a que pensam ser. Alguém cuja conversa vazia substitui a comunicação real, alguém em quem o sorriso sintético tomou o lugar do riso genuíno e a sensação de desespero total ocupou o vazio deixado pela dor autêntica. Duas coisas podem ser ditas de tais indivíduos. A primeira é que sofrem de defeitos aparentemente incuráveis, como a falta de espontaneidade e personalidade. Ao mesmo tempo, podemos dizer que eles não diferem de milhões de pessoas que, como nós, caminham pela face da Terra" 
Erich Fromm


Reli esse texto recentimente, colocado em destaque no fantático livro "Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes", de Stephen R. Covey.

Apesar de já ter passado os olhos por ele anteriormente, esse trecho foi especialmente impactante dessa vez. Vou explicar o por quê contando parte de um conto de meu cotidiano conturbado.

Há alguns anos, quando ainda estava naquele "limbo" que é a transição entre a adolescência e a juventude, namorei uma moça chamada Nastássia.

Assim como a protagonisma homônima do clássico do escritor russo Fiódor Dostoiévski, O Idiota, Nastássia era uma mulher culta, de boas maneiras e com uma notável presença de espírito. No entanto, como a personagem, era fácil notar (e ainda é) mudanças radicais no seu comportamento nas fases distintas do nosso relacionamento.

Como todo homem que se deixa apaixonar, abri a guarda e permiti que suas opiniões e vontades se tornassem mais importantes que as minhas próprias necessidades. Além disso, passava por uma fase difícil na minha vida. A transição para a fase adulta, as dificuldades na universidade e a falta de perspectiva para um futuro próximo me fizeram entrar em um processo de depressão profunda.

Entanda bem: Tinha uma boa namorada de quem eu gostava, fazia uma boa faculdade e tinha um emprego (informal, é verdade, mas) que sustentava as minha saídas e passeios, porém não estava feliz.

Numa visita à minha casa, certa vez, ela viu uma foto minha de quando adolescente. Na foto eu estava com alguns amigos, sorrindo como raramente ela me vira sorrir. Um sorriso puro, inocente e claramente feliz. 

Feliz: essa é a palavra chave. Aquela foto imortalizou um momento de felicidade. um sorriso verdadeiro de quem realmente está curtindo o que a vida lhe proporcionou.

Tal comentário marcou minha mente. A princípio critiquei (internamente) sua veracidade, mas uma observação mais atenta deixou claro que era verdade.

Como os "indivíduos" de Fromm, um sorriso sintético tomara o lugar do meu riso genuíno. Um sorriso que deixava claro que eu não entendia sequer a mim mesmo, e que o desespero ocupava a primeira fila do meu hall de sentimentos.

Como saí disso?

Não sei nem se saí ainda. Tenho tentado mudar meus paradigmas. Ver os fatos por outra maneira, e tentar reenxergar a beleza nas coisas simples. Às vezes consigo.

Segundo Albert Einstein: "Os problemas significativos com os quais nos deparamos não podem ser resolvidosno mesmo patamar de pensamento em que estávamos quando eles foram criados"

Se é verdade para a física moderna, porque não seria para nossos paradigmas comportamentais?

Não sei se vou, ou sequer se posso encontrar o que chamam de felicidade, mas essa é uma coisa tão preciosa que sempre vale a pena continuar tentando.
  

Para melhor compreensão:
O Idiota - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Idiota

domingo, 28 de agosto de 2011

Anarquia

Logo estilizado do movimento anarquista


Anarquismo: A partir do prefixo an :"sem"  + arkhê:"soberania, reino, magistratura"; do grego anarkhos, que significa "sem governantes"

Em todo e qualquer tipo de relacionamento interpessoal, faz-se necessária a presença de uma ordem, ou seja, um conjunto de regras explícitas (lei) ou implícitas (moral)que evitam que os indivíduos se prendam à sua natureza egoísta, respeitando o espaço e a opinião dos outros.

A ausência dessa ordem, ou a ausência de alguém para garantir seu cumprimento - o que é essencialmente a mesma coisa - é Anarquia

Trabalhando no ramo de RH, costumo ver como a presença ou ausência de normas específicas em uma empresa, por exemplo, gera comportamentos diferenciados nos funcionários, e as consequências que sua falta pode gerar.

No entanto, gostaria de focar aqui no relacionamento entre pessoas.

Nesse caso, a ausência de ordem faz com que os relacionamentos se tornem doentios, onde as pessoas se tratam como objetos de satisfação de seus próprios desejos, tanto sexuais como de relaconamento ou carinho, ou então que um seja completamente dependente do outro, de uma forma não saudável.

Há contos do cotidiano de minha vida conturbada que mostram como Já experimentei os dois lados dessa moeda. Tanto usei (adimito) como fui usado; tanto me tornei dependente como causei dependência, e algumas vezes, pasmem, tudo isso ao mesmo tempo.

Caos - Obra de Arte
Em geral, nesses casos, percebia que tinha quebrado os limites impostos por mim mesmo dentro do relacionamento.

Em geral, também, o fim disso não era nada bom. Sempre terminava com o sofrimento de alguém, ou de todos. Sempre...

Caos

O pensamento anarquista na sua concepção moderna, surgiu a partis das revoluções sociais, e em especial do pensamento secular ou religioso do Iluminismo, com destaque para os argumentos de Rousseau para a centralidade moral da liberdade.

Isso faz todo sentido. Devemos sempre tratar os outros com o respeito e consideração que queremos para nós mesmos, baseados nos princípios morais de nossa sociedade, com liberdade para opiniões diversas, mas sempre com respeito à moral e ao outro. como diria Rousseau

"A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples e uniforme que nos era prescrita pela natureza"

O homem é mestre de seus próprios desejos e de suas vontades, e isso é um grande poder. No entanto, grandes poderes exigem grande responsabilidade.



"O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."
Jean-Jacquees Rousseau 





 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Começo de Uma Nova Era

Esse é o começo de uma estrada.
Há muito tempo venho querendo começar meu blog, uma plataforma livre para expressar meus pensamentos sem pudor.


No entanto, foi necessária uma noite de insônia para que o sonho saísse do campo das idéias e entrasse para o campo dos bytes e bits.


Como qualquer nova empreitada, há alguns temores que me fazem perguntar se vale à pena. Fruto de encarar o desconhecido, assim como uma criança ao suspeitar de  um monstro de baixo da cama em seu quarto escuro.


Entre os muitos temores que eu tenho, temo me tornar um escritor "Cristóvão Colombo", que sai e não sabe pra onde vai, chega e não sabe onde chegou.


De qualquer forma, tenho certeza de que esse blog cumprirá, assim como já tem cumprido, sua missão: Ser um grito de socorro mesmo que num deserto; uma forma livre de expressão dos pensamentos mais profundos, sem medo de me reprimir ou retrair pelo que os outros venham a pensar.


Passei por muita coisa nos meus últimos anos. Como qualquer ser humano vivi altos e baixos. Passei por situações de completa confiança e completo desespero. Amei e odiei, às vezes a mesma pessoa, e às vezes até ao mesmo tempo.


Espero que essas palavras escritas aqui sirvam pra me orientar numa nova caminhada. 


Que elas me lembrem quem eu fui hoje quando chegar um amanhã.


Que elas reflitam o que eu fui e vivi, e o que eu sou e vivo para, enfim, tecer o que eu serei e viverei.


Se eu cativei sua atenção, espero que se junte a mim nessa jornada.

Nas palavras deAntoine de Saint-Exupéry, pensador francês e autor do clássico "Le Pretit Prince"
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"