segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Lugar do Riso Genuíno

"Hoje em dia nos deparamos com indivíduos que se comportam como autômatos, que não conhecem ou compreendem a si mesmos, e a única pessoa que conhecem é a que pensam ser. Alguém cuja conversa vazia substitui a comunicação real, alguém em quem o sorriso sintético tomou o lugar do riso genuíno e a sensação de desespero total ocupou o vazio deixado pela dor autêntica. Duas coisas podem ser ditas de tais indivíduos. A primeira é que sofrem de defeitos aparentemente incuráveis, como a falta de espontaneidade e personalidade. Ao mesmo tempo, podemos dizer que eles não diferem de milhões de pessoas que, como nós, caminham pela face da Terra" 
Erich Fromm


Reli esse texto recentimente, colocado em destaque no fantático livro "Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes", de Stephen R. Covey.

Apesar de já ter passado os olhos por ele anteriormente, esse trecho foi especialmente impactante dessa vez. Vou explicar o por quê contando parte de um conto de meu cotidiano conturbado.

Há alguns anos, quando ainda estava naquele "limbo" que é a transição entre a adolescência e a juventude, namorei uma moça chamada Nastássia.

Assim como a protagonisma homônima do clássico do escritor russo Fiódor Dostoiévski, O Idiota, Nastássia era uma mulher culta, de boas maneiras e com uma notável presença de espírito. No entanto, como a personagem, era fácil notar (e ainda é) mudanças radicais no seu comportamento nas fases distintas do nosso relacionamento.

Como todo homem que se deixa apaixonar, abri a guarda e permiti que suas opiniões e vontades se tornassem mais importantes que as minhas próprias necessidades. Além disso, passava por uma fase difícil na minha vida. A transição para a fase adulta, as dificuldades na universidade e a falta de perspectiva para um futuro próximo me fizeram entrar em um processo de depressão profunda.

Entanda bem: Tinha uma boa namorada de quem eu gostava, fazia uma boa faculdade e tinha um emprego (informal, é verdade, mas) que sustentava as minha saídas e passeios, porém não estava feliz.

Numa visita à minha casa, certa vez, ela viu uma foto minha de quando adolescente. Na foto eu estava com alguns amigos, sorrindo como raramente ela me vira sorrir. Um sorriso puro, inocente e claramente feliz. 

Feliz: essa é a palavra chave. Aquela foto imortalizou um momento de felicidade. um sorriso verdadeiro de quem realmente está curtindo o que a vida lhe proporcionou.

Tal comentário marcou minha mente. A princípio critiquei (internamente) sua veracidade, mas uma observação mais atenta deixou claro que era verdade.

Como os "indivíduos" de Fromm, um sorriso sintético tomara o lugar do meu riso genuíno. Um sorriso que deixava claro que eu não entendia sequer a mim mesmo, e que o desespero ocupava a primeira fila do meu hall de sentimentos.

Como saí disso?

Não sei nem se saí ainda. Tenho tentado mudar meus paradigmas. Ver os fatos por outra maneira, e tentar reenxergar a beleza nas coisas simples. Às vezes consigo.

Segundo Albert Einstein: "Os problemas significativos com os quais nos deparamos não podem ser resolvidosno mesmo patamar de pensamento em que estávamos quando eles foram criados"

Se é verdade para a física moderna, porque não seria para nossos paradigmas comportamentais?

Não sei se vou, ou sequer se posso encontrar o que chamam de felicidade, mas essa é uma coisa tão preciosa que sempre vale a pena continuar tentando.
  

Para melhor compreensão:
O Idiota - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Idiota

Um comentário:

  1. Não sei porque, mas me identifiquei com o que vc escreve...
    Dá uma olhada em http://monicacoropos.blogspot.com/2011/01/vontade-de-viver.html

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